agosto.2024
Ao passo que vamos evoluindo em meio a tantas tecnologias e em uma sociedade complexa e cheia de afazeres, me vejo em meio a um paradigma de não ser quem eu sou, mas o que os outros querem que eu seja.
-Mas Camila, como assim?
Cresci em uma família onde fui o tempo inteiro estimulada a ser o melhor de mim, a seguir os meus instintos, buscar fazer aquilo que amo, o que é certo e justo acima de tudo, e assim sigo desde então, realizando cada sonho, dando meus pequenos e grandes passos. Ao longo do caminho já tive o prazer de conhecer pessoas e aprender coisas incríveis, mas algo muito oculto tem me chamado atenção, ao perceber comportamentos leves e sutis da vida.
É PERIGOSO SER VOCÊ.
É perigoso pensar no seu crescimento, é perigoso definir limites aceitáveis para você, é perigoso dizer quanto vale o seu tempo, é perigoso dizer o valor do seu amor, da sua atenção.
Seja no mercado de trabalho ou em relações pessoais, minha grande sensação é que nós seres humanos, estamos desaprendendo a servir, a dar a vez, a sentir pelo outro, a cuidar do outro. Cada vez mais sinto uma onda de ego, e vontades cada vez mais individualizadas para que o grande Rei seja servido. Será que você já se sentiu assim antes? Sempre fazendo mais por alguém, servindo aos montes e sem ver esse cuidado em troca, ou será que eu apenas estou vivendo em uma bolha só minha?
Muitas vezes, ouço discursos são belos, gentis, amáveis, mas tenho aprendido com as dores, que antes das palavras, precisamos ver as atitudes, elas sim falam pelas palavras, e caso as atividades fossem transformadas em palavras, elas seriam mais ou menos assim:
“Não se ame, me ame”
“Não queira mais do que te dou”
“Não busque crescimento próprio”
“Não reclame por fazer mais e não receber nada mais por isso”
“Não me julgue, me exalte”
“Não se canse, seja uma máquina”
Sinto que estamos em uma sociedade bastante adoecida por valores e status que não nos leva a lugar algum. E aos poucos, aqueles que ainda sentem o valor da vida, e veem cor no acordar, cada vez mais se sentem esgotados por fazer, dar, expor, se espremer e se submeter a outros que só querem aquilo que não precisam.
Do outro lado, alguns já cansados ou desacreditados de si preferem se submeter ao CAOS que é: não ser você, para ser aquilo que os outros querem que você seja, e de verdade, para mim, isso seria pior que a morte. Ser aquilo que não nasci para ser, ser lembrada por algo que eu nunca quis ser, até porque, não acredito que se dá para gerar um legado que não é meu, pois os verdadeiros legados são baseados em essência. Aquele legado que é construído na voz do discurso do amor e alicerçado na base de sentimentos contrários não é um legado, é uma farsa, é como construir algo sobre a areia. Já o contrário, ser você de verdade, é como construir sua casa sobre a rocha.
Esse texto é apenas um lembrete, para você não se deixar sucumbir pelo caos de não ser você, para agradar pessoas, relacionamentos, emprego, chefes ou seja lá quem for. Ser você não tem preço, e não ser você é um caminho amargo, de uma vida sem identidade e isso eu não te desejo. Além disso, esse texto é um lembrete a mim mesma, do orgulho que tenho por ser eu mesma, das lutas e guerras que enfrento todos os dias e ainda assim, me orgulho por ser quem sou, a Camila que sabe dar sem esperar, mas que acima de tudo, não tem medo de ser “eu mesma”, inteira, sem pedaços, sem agrados, sem limites, mas um pote cheio de valores inconfundíveis e apenas meus.
Ah, e só para finalizar, não tenha medo de ser você.
Publicitária e Especialista de Mídias Digitais
TikTok e Instagram: @camilavideres